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terça-feira, março 12, 2013

Comportamento: Homofobia


ATENÇÃO: O blog Fábrica de Mulheres, é um espaço desvinculado a qualquer tipo de religião ou apologias. Defendemos o ser humano. Somos totalmente livre de preconceitos. A coluna em questão, tratará de assuntos referente ao comportamento. Não admitiremos, em nenhuma das hipóteses, quaisquer tipo de manifestação ofensiva da parte de nossos leitores. Seu comentário, passará por aprovação antes de ser publicado. A matéria abaixo, e todas as opiniões e informações expressas, são de total responsabilidade da jornalista Mariani Venâncio. 

"PARTE DA POPULAÇÃO HOMOFÓBICA NEM SABE, AO CERTO, O QUE É SER HOMOSSEXUAL"


Por Mariani Venâncio

Olá meninas! Dou início hoje a minha coluna sobre comportamento aqui no Fábrica de Mulheres. Estava com saudades de compartilhar meus artigos com cada um de vocês. Espero que gostem!

Com ar de alívio, Rafael Queiroz, um estudante de 20 anos, conta como foi e é a vida de um jovem homossexual diante da sociedade brasileira. Assumido há pouco mais de 1 ano e meio, o rapaz relata o momento em que revelou pra mãe que sim, gosta de meninos, a luta pra convencer a si mesmo de que não era errado sentir o que sentia, as mágoas de um passado recente e a sensação de sentir-se  livre ao mesmo tempo em que se sente preso às imposições sociais e ao senso comum de um país que se julga tão evoluído mas se mostra extremamente retrógrado quando falamos de homossexualismo.

“Ninguém acorda homossexual. Há pessoas que são, pessoas que são e não praticam, pessoas que sabem e pessoas que nem sabem ainda. No meu caso, acredito que eu era todas elas. Nunca fui muito másculo e sofria com várias brincadeiras preconceituosas no período da escola, mas isso foi em uma época em que nem eu mesmo sabia.”, conta quando questionado em relação ao momento em que percebeu que era gay.

Uma pesquisa realizada em 2009 aponta que cerca de 18 milhões de brasileiros são, assumidamente, homossexuais o que significa que, aproximadamente, 3% da população brasileira é gay. Com isso as relações homoafetivas têm ganhado cada vez mais espaço na sociedade nacional. Mas, infelizmente, essa informação não tem só o lado positivo. A exposição crescente dos casais homossexuais fez crescer, também, as manifestações de preconceito. “Parece que é algo que a pessoa repudia até viver. Pessoas que eram próximas a mim, acredito eu, tem uma visão diferente sobre o homossexualismo.”

O GGB – Grupo Gay da Bahia – divulgou no começo do mês um relatório que mostra que, no Brasil, um homossexual é morto a cada 36 horas e que, pra chegar a esse número, essa estimativa teve um aumento de 113% nos últimos cinco anos. Em 2010, cerca de 260 homossexuais foram assassinados no país e só nos 3 primeiros meses desse ano, o número já chega a 65 mortos.


O preconceito, na grande maioria das vezes, é gerado pela total falta de informação da sociedade. Mitos são criados pra tentar encontrar uma possível justificativa para a condição homossexual. Há quem diga que um rapaz que não teve uma figura paterna presente fica psicologicamente afetado e direcionado à comportamentos homossexuais, assim como a figura do gay, em si, quase sempre é relacionada à violência e a atos de promiscuidade.

“Sabemos que tem milhares de pessoas que simplesmente odeiam gays circulando pela rua. Sair do metrô de mãos dadas com seu namorado e esbarrar em um skinhead gera uma sensação simultânea de medo e raiva. E você acaba se questionando sobre o porquê de tanto ódio.”, declara Rafael.
            
As relações familiares também são tabus que ainda estão longe de serem quebrados. Pais, mães e irmãos têm tido reações cada vez mais adversas diante da revelação dos filhos. Rafael relata que contou pra mãe em uma conversa no quarto dele, há mais ou menos 3 meses atrás. Ela questionou com quem ele andava saindo e, pra não mentir, ele resolveu contar tudo de uma vez. “De todos da família ela foi quem mais se abalou. Sempre fomos muito próximos e no momento da confissão ocorreu tudo bem, mas atitudes posteriores mostraram o quão desconfortável ela se sente com a situação.”, declara. “Minha irmã se ofendeu por ter ser sido a primeira a saber, mas hoje estamos mais unidos do que nunca.”, concluí.

O que existe, na realidade, é uma porção de informações controversas e desencontradas tanto na internet, quanto fora dela e essas informações acabam se tornando base para manifestações absurdas de homofobia, como a ocorrida no final do ano passado em plena Avenida Paulista.
Mas também precisa ser registrado que a retratação dos gays na representação cultural brasileira também vem crescendo significativamente. Personagens homossexuais têm tido cada vez mais espaço, principalmente, nas telenovelas. Uma emissora da TV aberta já chegou a mostrar, mais de uma vez, o tão aguardado beijo gay, o que, na época, causou frisson na sociedade.
 Nessa nova fase, Rafael passou a frequentar lugares novos e conhecer uma porção de gente diferente. “Nos lugares em que eu vou, até mesmo na nova sala de aula (ele trocou de curso e instituição de ensino recentemente), não é mais assustador porque quando você é assumido e entra em um lugar, não deixa brecha pra comentários e tudo fica mais fácil.”, desabafa o estudante.
           
Diante de uma sociedade que não tem limites tanto para o lado bom quanto para o ruim, ser, e se assumir, homossexual no Brasil torna-se um tipo de missão a ser cumprida porque ninguém quer ter medo de sair na rua e sofrer uma agressão, tanto física quanto verbal ou psicológica, assim como tem sido tão erroneamente comum nos últimos tempos.
           
Como agora temos que lidar com um novo inimigo público, o bullying, talvez seja a hora mais correta e assertiva para se fazer valer os direitos humanos, já que, como já foi dito ser gay não é uma escolha e muito menos uma imposição. 

Emocionado, Rafael termina a entrevista. “Meus amigos dizem que os gays são mais fortes. Superação. Talvez essa seja a palavra. Porque primeiro você supera a si mesmo e depois disso, fica fácil superar qualquer outra coisa.”, declara.




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