ATENÇÃO: O blog Fábrica de Mulheres, é um espaço desvinculado a qualquer tipo de religião ou apologias. Defendemos o ser humano. Somos totalmente livre de preconceitos. A coluna em questão, tratará de assuntos referente ao comportamento. Não admitiremos, em nenhuma das hipóteses, quaisquer tipo de manifestação ofensiva da parte de nossos leitores. Seu comentário, passará por aprovação antes de ser publicado. A matéria abaixo, e todas as opiniões e informações expressas, são de total responsabilidade da jornalista Mariani Venâncio.
"PARTE DA POPULAÇÃO HOMOFÓBICA NEM SABE, AO CERTO, O QUE É SER HOMOSSEXUAL"
Por Mariani Venâncio
Olá meninas! Dou início hoje a minha coluna sobre comportamento aqui no Fábrica de Mulheres. Estava com saudades de compartilhar meus artigos com cada um de vocês. Espero que gostem!
Com ar de alívio, Rafael Queiroz, um estudante de
20 anos, conta como foi e é a vida de um jovem homossexual diante da sociedade
brasileira. Assumido há pouco mais de 1 ano e meio, o rapaz relata o momento em
que revelou pra mãe que sim, gosta de meninos, a luta pra convencer a si mesmo
de que não era errado sentir o
que sentia, as mágoas de um passado recente e a sensação de sentir-se livre ao mesmo tempo em que se sente preso às
imposições sociais e ao senso comum de um país que se julga tão evoluído mas se
mostra extremamente retrógrado quando falamos de homossexualismo.
“Ninguém acorda
homossexual. Há pessoas que são, pessoas que são e não praticam, pessoas que
sabem e pessoas que nem sabem ainda. No meu caso, acredito que eu era todas
elas. Nunca fui muito másculo e sofria com várias brincadeiras preconceituosas
no período da escola, mas isso foi em uma época em que nem eu mesmo sabia.”,
conta quando questionado em relação ao momento em que percebeu que era gay.
Uma pesquisa
realizada em 2009 aponta que cerca de 18 milhões de brasileiros são,
assumidamente, homossexuais o que significa que, aproximadamente, 3% da
população brasileira é gay. Com isso as relações homoafetivas têm ganhado cada
vez mais espaço na sociedade nacional. Mas, infelizmente, essa informação não
tem só o lado positivo. A exposição crescente dos casais homossexuais fez
crescer, também, as manifestações de preconceito. “Parece que é algo que a
pessoa repudia até viver. Pessoas que eram próximas a mim, acredito eu, tem uma
visão diferente sobre o homossexualismo.”
O preconceito,
na grande maioria das vezes, é gerado pela total falta de informação da
sociedade. Mitos são criados pra tentar encontrar uma possível justificativa
para a condição homossexual. Há quem diga que um rapaz que não teve uma figura
paterna presente fica psicologicamente afetado e direcionado à comportamentos
homossexuais, assim como a figura do gay, em si, quase sempre é relacionada à
violência e a atos de promiscuidade.
“Sabemos que tem milhares de pessoas que simplesmente
odeiam gays circulando pela rua. Sair do metrô de mãos dadas com seu namorado e
esbarrar em um skinhead gera uma sensação simultânea de medo e raiva. E você acaba se
questionando sobre o porquê de tanto ódio.”, declara Rafael.
As relações familiares também são
tabus que ainda estão longe de serem quebrados. Pais, mães e irmãos têm tido
reações cada vez mais adversas diante da revelação dos filhos. Rafael relata
que contou pra mãe em uma conversa no quarto dele, há mais ou menos 3 meses
atrás. Ela questionou com quem ele andava saindo e, pra não mentir, ele
resolveu contar tudo de uma vez. “De todos da família ela foi quem mais se
abalou. Sempre fomos muito próximos e no momento da confissão ocorreu tudo bem,
mas atitudes posteriores mostraram o quão desconfortável ela se sente com a
situação.”, declara. “Minha irmã se ofendeu por ter ser sido a primeira a
saber, mas hoje estamos mais unidos do que nunca.”, concluí.
O que existe, na
realidade, é uma porção de informações controversas e desencontradas tanto na
internet, quanto fora dela e essas informações acabam se tornando base para
manifestações absurdas de homofobia, como a ocorrida no final do ano passado em
plena Avenida Paulista.
Mas também
precisa ser registrado que a retratação dos gays na representação cultural
brasileira também vem crescendo significativamente. Personagens homossexuais
têm tido cada vez mais espaço, principalmente, nas telenovelas. Uma emissora da
TV aberta já chegou a mostrar, mais de uma vez, o tão aguardado beijo gay, o
que, na época, causou frisson na sociedade.
Nessa nova
fase, Rafael passou a frequentar lugares novos e conhecer uma porção de gente
diferente. “Nos lugares em que eu vou, até mesmo na nova sala de aula (ele
trocou de curso e instituição de ensino recentemente), não é mais assustador
porque quando você é assumido e entra em um lugar, não deixa brecha pra
comentários e tudo fica mais fácil.”, desabafa o estudante.
Diante de uma
sociedade que não tem limites tanto para o lado bom quanto para o ruim, ser, e
se assumir, homossexual no Brasil torna-se um tipo de missão a ser cumprida
porque ninguém quer ter medo de sair na rua e sofrer uma agressão, tanto física
quanto verbal ou psicológica, assim como tem sido tão erroneamente comum nos
últimos tempos.
Como agora temos
que lidar com um novo inimigo público, o bullying, talvez seja a hora mais
correta e assertiva para se fazer valer os direitos humanos, já que, como já
foi dito ser gay não é uma escolha e muito menos uma imposição.
Emocionado,
Rafael termina a entrevista. “Meus amigos dizem que os gays são mais fortes.
Superação. Talvez essa seja a palavra. Porque primeiro você supera a si mesmo e
depois disso, fica fácil superar qualquer outra coisa.”, declara.
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